Seguindo a linha de pensamento das postagens anteriores, iremos abordar
desta vez o tema percepção. Esta se trata de como cada indivíduo organiza e
interpreta suas impressões sensoriais com a finalidade de dar sentido ao
ambiente em que está inserido. A maneira como percebemos o mundo à nossa volta
irá influenciar no comportamento que iremos emitir. A percepção consiste na aquisição, interpretação, seleção e
organização das informações obtidas pelos sentidos. Pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico ou fisiológico,
envolvendo estímulos elétricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos
sentidos.
Em se tratando das formas, as teorias da percepção
reconhecem quatro princípios básicos que a influenciam:
- A
tendência à estruturação ou princípio do fechamento -
tendemos a organizar elementos que se encontram próximos uns dos outros ou
que sejam semelhantes;
- Princípio
figura-fundo - explica que percebemos mais facilmente as figuras
bem definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos e mal
contornados (por exemplo, um cálice branco pintado num fundo preto);
- Pregnância
das formas ou boa forma - qualidade que
determina a facilidade com que percebemos figuras bem formadas. Percebemos
mais facilmente as formas simples, regulares, simétricas e equilibradas;
- Constância
perceptiva - se traduz na estabilidade da percepção (os seres
humanos possuem uma resistência acentuada à mudança).
Alguns fatores influenciam a percepção, são eles:
Fatores externos
Os fatores externos
mais importantes são a intensidade (pois a nossa atenção é
particularmente despertada por estímulos que se apresentam com grande
intensidade e, é por isso, que as sirenes das ambulâncias possuem um som insistente e alto); o contraste (a atenção será muito mais despertada quanto mais
contraste existir entre os estímulos, tal como acontece com os sinais de
trânsito pintados em cores vivas e contrastantes); o movimento que constitui um elemento principal no despertar da
atenção (por exemplo, as crianças e os gatos reagem mais facilmente a brinquedos
que se movem do que estando parados); e a incongruência, ou seja, prestamos muito mais atenção às coisas absurdas
e bizarras do que ao que é normal (por exemplo, na praia num dia de verão
prestamos mais atenção a uma pessoa que esteja sob o sol usando um cachecol do
que a uma pessoa usando um traje de banho normal).
Fatores internos
Os fatores internos
que mais influenciam são a motivação (prestamos
muito mais atenção a tudo que nos motiva e nos dá prazer do que às coisas que
não nos interessam); a experiência anterior
ou, por outras palavras, a força do hábito faz com que prestemos mais atenção
ao que já conhecemos e entendemos; e o fenômeno social que explica que a nossa
natureza social faz com que pessoas de contextos sociais diferentes não prestem
igual atenção aos mesmos objetos (por exemplo, os livros e os filmes a que se
dá mais importância no Brasil não despertam a mesma atenção no Japão).
Aplicações
específicas nas Organizações
Entrevista de Seleção - Algumas evidências indicam que os entrevistadores fazem julgamentos de percepção frequêntemente equivocados. Os entrevistadores costumam criar impressões antecipadas, que se tornam rapidamente resistentes. A maioria das decisões dos entrevistadores pouco muda depois dos primeiros quatro ou cinco minutos da entrevista. Consequentemente, as informações colhidas no começo têm um peso muito maior do que as informações obtidas depois, e um "bom candidato" é, provavelmente, caracterizado mais pela ausência de características desfavoráveis do que pela presença de características favoráveis.
Expectativas sobre o Desempenho - Existe uma quantidade razoável de evidências que demonstram que as pessoas sempre tentam validar suas percepções da realidade, mesmo quando estas percepções estão erradas. Esta característica é particularmente relevante quando consideramos a expectativa de desempenho no trabalho.
A profecia auto-realizadora caracteriza o fato de que as expectativas das pessoas determinam o seu comportamento. Se um executivo espera grandes feitos de seus subordinados, provavelmente eles não o decepcionarão. Por outro lado, se o executivo espera que sua equipe faça o mínimo, ela se comportará de acordo com essa baixa expectativa. O resultado é que a expectativa acaba se tornando realidade.
Generalização de Perfil Étnico - Uma forma de estereotipagem em que um grupo de indivíduos é tomado com um só, geralmente com base em critério de raça ou etnia, e torna-se alvo de cerrada vigilância e investigação.
Avaliação do Desempenho - Representa um julgamento do trabalho do funcionário. Embora a avaliação possa ser objetiva, muitas funções são avaliadas subjetivamente. As medidas subjetivas são mais fáceis de serem implementadas, dão mais liberdade aos avaliadores e, além disso, muitas funções não podem mesmo ser avaliadas por resultados objetivos. Mas as medidas subjetivas são, por definição, muito pessoais, e o avaliador forma uma impressão geral do trabalho do avaliado. Quando estas medidas são usadas, o que o avaliador considera como características ou comportamentos bons e ruins vai influenciar fortemente o resultado final da avaliação.
Esforço do Funcionário - Em muitas empresas, o esforço demonstrado pelo funcionário é levado em grande consideração. A avaliação do esforço de um indivíduo é um julgamento subjetivo, suscetível a distorções e vieses de percepção.
Por fim, segue este vídeo que poderá auxiliar em um adequado entendimento
sobre a percepção:
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